Os públicos da escola são, geralmente, as crianças, adolescentes, jovens e adultos, dependendo dos ciclos de estudos por onde se distribuem. Contudo, actualmente, devido ao envelhecimento da população mundial, particularmente, em Portugal, onde é mais sentida esta situação, surgem novos contextos de ensino, maioritariamente, de carácter informal e não institucional, para responder às necessidades e acolher estes novos públicos. Temos como exemplo as Universidades Sénior (espalhadas um pouco por todo o país), as associações recreativas, ateliers artísticos, escolas particulares e associações que promovem a aprendizagem através de actividades de grupo e de convívio, combatendo o isolamento e a perda de faculdades dos mais idosos (como é o caso da Escola Comunitária Suão, em São Miguel de Machede, freguesia de Évora), entre outras “plataformas”. Porém, a predominância de públicos jovens na escola (crianças, adolescentes, jovens e adultos), ainda se mantem, deste modo é sobre eles que está o meu enfoque.
Após a revisão da literatura que realizei, deparei-me com a enorme influência que os média têm nos alunos, principalmente, em crianças e adolescentes. Falo da televisão – com toda a sua programação infanto-juvenil, publicidade e séries – também dos vídeo-jogos e da internet, especialmente estas dimensões passaram assumir conscientemente, ou não, o papel ligado à escola, tornando-se privilegiados espaços de aprendizagem. Como refere Esperança & Dias (2008), as relações que as crianças constroem no seu dia-a-dia, passaram a ser mediadas pelas experiências vividas via comunicação televisiva. Deste modo, a televisão ultrapassa os limites do entretenimento, e torna-se um elemento formador. As autoras usam os termos “formato homogeneizante” e afirmam que os média “passam a construir modos de ser infantil”. Sublinham o formato “standard” que torna as experiências de diferentes crianças de diferentes países, em realidades e anseios comuns. Desta forma, parece-me que é neste ponto que reside a possibilidades de os alunos passarem das suas infâncias distintas e particulares para uma única infância, isto é, uma infância globalizada. Ou “adolescente global” (Blanch, 2006; Klein, 2001). Todavia, as autoras no seguimento da sua investigação, verificam que o contacto das crianças com as tecnologias de informação e comunicação não se dá por uma relação passiva, mas activa, pois é selectiva, existe manipulação e reinterpretação por parte dos públicos escolares jovens em geral. Este facto cria alguma resistência, no sentido de uma infância comum, global, e deixa espaço para uma infância heterogénea e particular, com referenciais globais vindos dos desenhos animados, séries ou video-jogos, e por outro lado, onde a internet permite uma relação activa e pessoal, e os jogos tradicionais vão passando de geração em geração, ligados a uma dada cultura. De acordo com Buckingham (2003), a escola poderá ter um papel determinante nesta era mediatizada e globalizada, não concordando com a ideia de que a internet é a escola do futuro ou que a escola já não é importante. Concordo que a escola é importante como facilitadora da igualdade de acesso à aprendizagem, promotora do diálogo social contínuo “cara a cara”, ampliar-se em vários níveis e ao longo da nossa vida e ir para além das relações entre alunos e professores.
Referências Bibliográficas:
Blanch, J. S. (2006). Microculturas juveniles y nihilismos virtuales. Revista TEXTOS de la CiberSociedad, 9. Temática Variada. Disponível em: http://www.cibersociedad.net
Buckingham, D. (2003). Comunicação apresentada no encontro sobre repensar a educação nas artes visuais. Caixa Forum de Barcelona.
Esperança, J. A. & Dias, C. M. (2008). Das infâncias plurais a um única infância: mídias, relações de consumo e construção de saberes. Revista Educação, 33, pp n.d.. Acedido em 1 de Novembro, 2009, de http://coralx.ufsm.br/revce/
Klein, N. (2001). No logo: el poder de las marcas. Barcelona: EditaPaidós
Imagem (topo): http://www.psiqweb.med.br/site/?area=NO/LerNoticia&idNoticia=129
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